segunda-feira, 29 de novembro de 2010

APONTAMENTO




APONTAMENTO
Neio Lúcio
Francisco Cândido Xavier

Manifestaste indisfarçável aborrecimento, ante as observações paternas que te contrariaram os propósitos impensados.
Ontem abusaste da alimentação, hoje pretendias uma excursão inconveniente.
Referiu-se teu pai às necessidades do espírito com acentuada tristeza; todavia, longe de lhe entenderes a nobreza do gesto, buscaste, intempestivo, os braços maternos, na ânsia incontida de aprovação aos teus caprichos juvenis.

Foste, porém, injusto.

O jovem que recusa a orientação acertada dos mais velhos que lhe desejam o bem, procede qual lavrador leviano que reprova a boa semente.
Estimas as longas incursões no pomar, quando as laranjeiras se cobrem de frutos e quando a parreira deita uvas doces.
Acreditas , no entanto, que as árvores excelentes teriam crescido sem cuidado? Admites que a vinha não necessitou de amparo em pequena?
Todas as plantas, mormente as mais tenras, sofrem insistentes perseguições de detritos e vermes. Sem carinhosas mãos que as protejam, ser-lhes-ia impraticável o desenvolvimento e a frutificação; muitos dias de vigilância requerem do pomicultor antes de nos atenderem na chácara.

Ignoras que o mesmo acontece no campo do coração?

As más experiências de uma criança acompanham-na a vida inteira.
Diz o provérbio: "Com o tempo, a folha da amoreira converte-se em veludoso cetim"; mas não podemos esquecer que também com o tempo as águas desamparadas e esquecidas se transformam em pântano.
Não te revoltes contra a sementeira de reflexão e bondade que o carinho paterno realiza em teu espírito.
Sobretudo, não te impressiones com a fantasiosa opinião de colegas de rua. O tempo dará corpo aos princípios inferiores ou superiores que abraçares e, enquanto o companheiro estranho ao teu lar pode ser o amigo de alguns dias, o papai ser-te-á o amigo e benfeitor de muitos anos.

(Do livro "Alvorada Cristã", pelo Espírito Neio Lúcio, Francisco Cândido Xavier)

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