O PERÍODO DA INFÂNCIA
O período da infância.
“Sofre o Espírito encarnado, durante a infância, com o constrangimento que lhe impõe a imperfeição dos seus órgãos?
”A resposta é simples e direta: “Não; esse estado é uma necessidade, é natural e segundo as vistas da Providência: é um tempo de repouso para
o Espírito.
”Por que um período de repouso?
Simplesmente pelo fato de que durante a infância o Espírito encontra-se
desembaraçado de deveres e responsabilidades. Seus pais
terrenos cuidam do necessário à sua sobrevivência física e as
limitações impostas pela imaturidade dos órgãos o deixa
vivendo como que uma fantasia. O Espírito não se encontra sob
a plena consciência de sua condição, como quando
desencarnado, e nem sob o peso dos deveres da vida de
encarnado, a qual ainda não assumiu plenamente.
“Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância?”
- “O Espírito se encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse
período, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu
adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão
encarregados da sua educação”.
Após o renascimento no mundo material, inicia o Espírito um
período de adaptação às condições de vida na Terra. Seu corpo
deverá se habituar à temperatura, humidade etc., enquanto
desenvolve sua aparelhagem psíquica, agora sob novas
condições sociais. Por menor que seja o intervalo entre uma
encarnação e outra, o processo se repete, pois o corpo é
totalmente novo, gerado por ele e para ele. É uma máquina
sofisticada cujo “piloto” deverá treinar no seu funcionamento
até poder controlá-la adequadamente. É por isso que vemos as
crianças recém-nascidas sem controle motor. Arranham-se
facilmente, o que leva as mães previdentes a manterem bem
curtas as suas unhas; não são capazes de segurar objetos ou se o
fazem são algo desajeitadas. Tudo isso é perfeitamente natural.
O reencarnante ainda não tem pleno domínio de seu novo
corpo, o que só ocorrerá gradualmente e com o passar dos
anos.
Se você tem irmãos ainda pequenos observe seus movimentos.
Verá que lembram alguém que está aprendendo a dirigir um
veículo. De fato, o fenómeno é semelhante e todos os primeiros
anos de vida serão dedicados a esse treinamento no uso de um
novo corpo que deverá servir de veículo de manifestação para o
Espírito durante o máximo de tempo possível.
Entretanto, é fácil concluir que o Espírito não reencarnou para
aprender a usar um novo corpo de carne. Isso é pura
contingência, necessidade conjuntural. O aspecto mais
importante da reencarnação está nos novos condicionamentos
psicossociais. A construção de uma nova personalidade. Assim
como o perispírito é o molde do corpo físico, a individualidade
(o Espírito com todas as suas peculiaridades) servirá de
modelador para sua personalidade.
Vamos explicar isso com mais detalhes.
A individualidade é o que nos distingue uns dos outros. A individualidade permanece a mesma ao longo das reencarnações, revestindo-se de
personalidades apropriadas a cada experiência na Terra.
A personalidade é composta pelos novos hábitos culturais, pelos
costumes da sociedade em que se reencarnou, pelo novo idioma
que se usa, pelos regionalismos e tudo o mais que envolve a
existência humana na Terra. Voltando ao Mundo Espiritual,
muitos de nossos hábitos e costumes terrenos deverão ser
revistos e modificados, ou seja, deveremos nos desfazer
daqueles acessórios que ajudaram a constituir nossa nova
“roupagem psíquica”, nossa personalidade, e reassumir nossa
condição de Espíritos livres do corpo carnal que, por sua vez,
foi nosso “macacão de trabalho” na Terra.
Para o Espírito, o que importa levar da Terra são as
experiências acumuladas e que serão acrescentadas ao seu
património espiritual, tornando-se parte de sua individualidade.
Cada experiência, feliz ou infeliz, será guardada nos seus
arquivos psíquicos e constituirão material de apoio para a
tomada de novas decisões. Como se vê, o processo de
aprendizado é cumulativo. As camadas daquilo que foi
experimentado, vivido, vão se superpondo e poderão ser
trazidas à tona, ao nível do consciente, sob certas circunstâncias
naturais, decorrentes do amadurecimento psicológico do ser, ou
artificiais, como o sonambulismo provocado, a hipnose.
De grande importância para o Espírito reencarnado e vivendo a
infância é a influência daqueles com quem convive,
especialmente pais e irmãos. Os pais, naturalmente, têm uma
ascendência muito grande sobre os filhos, mesmo que não
percebam. Os filhos aprenderão deles mais daquilo que fazem
do que daquilo que dizem. O exemplo será sempre
preponderante. Os novos modos de ser serão gradualmente
absorvidos pela criança e se forem bons hábitos a prepararão
melhor para o futuro. Se forem maus hábitos constituirão
bombas de retardo, a explodir no futuro causando danos
proporcionais à sua potência. Por aí se vê que a missão da
paternidade e da maternidade é das mais importantes e
comprometedoras.
Dizem os especialistas do comportamento humano que o
“código de caráter” é transmitido no tempo transcorrido entre o
nascimento e os sete ou oito anos. O que vier depois será tido à
conta de acréscimo. Tanto as influências salutares quanto
aquelas menos nobres serão incutidas nas mentes infantis nesse
período em que o Espírito reencarnado fica muito maleável,
muito suscetível de sofrer influência, como dissemos,
principalmente dos pais e familiares, que constituem todo o
mundo da criança. Cumpre ressaltar ainda que a reencarnação,
em seus pontos essenciais, só se completa lá pelos seis, sete
anos. Durante esse período é comum ver-se a criança brincando
e conversando com seres imaginários. Em muitos casos, os ditos
seres imaginários têm existência real para a criança, pois são
Espíritos que vêm vê-la. Estando ainda estreitamente ligada ao
Mundo Espiritual e não totalmente envolvida pelas influências
da matéria que constitui seu corpo carnal, é fácil para ela
compartilhar os dois universos: o físico e o extrafísico.
Enfim, não podemos esquecer que a criança é, antes de tudo,
um Espírito reencarnado, com suas carências e imperfeições.
Todo impulso positivo deve ser estimulado e todo indício de
vícios morais deve ser inibido ainda nos primeiros anos. Pais e
professores devem procurar compreender os mecanismos
básicos da mente infantil para agirem com mais propriedade. A
pedagogia do amor ensinada por Jesus não dispensa a atitude
enérgica quando necessária. Educação frouxa, com a criança
entregue a seus próprios impulsos, tem sido o caminho para a
delinquência. Em tempo algum a violência contra a criança
encontrará justificativa, e o abandono em que se encontra boa
parte delas, sem o indispensável para viver, nos deixa antever
problemas sociais cada vez mais graves para as próximas
gerações. Se cada um cumprir adequadamente o seu dever
enquanto pai, trabalhador, homem público, cidadão etc., o
problema poderá ser resolvido de forma razoável, apesar dos
complexos desajustes sociais que, de uma forma ou de outra,
nos atinge a todos.
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