Data de Nascimento: 29 de Agosto de 1831
Natural: Riacho do Sangue – CE
Profissão: Médico, Político (vereador, prefeito, deputado e senador) e Redator.
Família:
1ª. Esposa – D. Maria Cândida de Lacerda (desencarnou em 24 de março de 1863), com quem teve dois filhos.
2ª. Esposa – D. Cândida Augusta de Lacerda Machado com quem teve sete filhos
Desencarne: 11 de abril de 1900.
Bezerra de Menezes como era conhecido, era descendente de família antiga do Ceará, que era ligada ao militarismo e a política, foi educado na religião católica. Sua família se muda para o Rio Grande do Norte em 1842, decorrente de perseguição política. Sendo Bezerra de Menezes muito inteligente, fez dois anos de língua de latinidade antiga de modo que chegou a substituir o professor.
Em 1946 volta com sua família para o Ceará onde conclui seus estudos preparatórios no Liceu, como primeiro aluno.
Em 1852 foi para o Rio de Janeiro onde ingressou como estudante de medicina no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Para custear os estudos, dava aulas particulares de Filosofia e de Matemática. Conseguiu às duras penas, formar-se em medicina em 1856 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Bezerra de Menezes ficou conhecido como o “médico dos pobres”, pois tem uma biografia extensa e exemplar de renúncia para com o dever cumprido, custe ele o que custar; sua conduta era de um bom cristão que praticava seu ideal de amor ao próximo.
- Dizia ele que o verdadeiro médico não tem o direito de acabar uma refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. Aquele que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se cansado, por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, se o lugar fica longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro, esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um desgraçado que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio abrir as asas e lhe trazer a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do espírito.
Bezerra de Menezes casou-se com D.Maria Cândida de Lacerda que após 4 anos de casamento faleceu, deixando-lhe dois filhos pequenos, um de três anos e outro de 1 ano. Este fato produziu em Bezerra um abalo físico e moral. Todas as glórias mundanas que havia conquistado tornaram-se aborrecidas. Não tinha mais prazer em ler e escrever. Um dia um amigo lhe trouxe um exemplar da Bíblia, que ele leu e percebeu que tinha a necessidade de crer, mas não nesta crença imposta à fé, mas numa outra firmada na razão e na consciência. A volta à religião trouxera a paz novamente ao coração de Bezerra de Menezes.
Bezerra de Menezes também teve vida política. Quando convocado à política renuncia ao soldo militar a que fazia parte. Bezerra de Menezes foi vereador, deputado geral e até presidente da Câmara Municipal. Durante 20 anos esteve envolvido com a política, Bezerra foi muito querido e odiado. Prestou relevantes serviços ao município que o elegera e conquistou os foros de inteligente, ilustrado, ativo e honesto.
Em 21 de janeiro de 1865 casa-se novamente com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua 1ª mulher, e com quem teve 7 filhos.
Bezerra de Menezes conheceu o espiritismo em 1875, através de um exemplar de O Livro dos Espíritos, oferecido pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos. Nesse sentido, tão logo toma conhecimento do livro, não lhe fica difícil exclamar que era um “espírita de nascença”, ou um “espírita inconsciente”, pois tudo o que ali estava relatado lhe parecia familiar.
Em 1886 ante um auditório de pessoas da “melhor sociedade”, proclamava solenemente a sua adesão ao Espiritismo, tendo inclusive direito a uma nota publicada pelo jornal “O Paiz” em tons elogiosos.
Passou então a escrever livros que se tornariam célebres no meio espírita. Em 1889, como presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), iniciou o estudo metódico de “O Livro dos Espíritos” e conseguiu aglutinar o movimento espírita. Durante um período conturbado do movimento espírita manteve-se afastado do meio tendo hábito somente a freqüência ao Grupo Ismael no qual eram estudadas obras de Kardec e Roustaing.
Como médico que sempre atendeu a qualquer hora, institui a leitura do Evangelho e renuncia à medicina ortodoxa para aceitar, a convite dos Espíritos, a homeopatia. Podemos ver que Bezerra de Menezes era mais que um simples médico chegando-se mesmo a pensar se as curas que operava se deviam aos remédios homeopáticos que ministrava ou eram resultados dos fluidos energéticos de amor que emanavam a todo instante de sua alma. Ele receitava pelos lábios e pela pena. Pelos lábios: conselhos, vestidos de emoção e ternura, acordando nos consulentes o Cristão que dormia; pela pena, homeopatia, água fluídica e passes. E finalizava pedindo que cada um tivesse às mãos, no lar, o Grande Livro, O Evangelho Segundo o Espiritismo, que o lesse com alma, com sinceridade e confiança no seu Autor, Jesus Cristo! E como resultados eram promissores, cada doente deixava seu consultório satisfeito, melhorando, pois havia deixado lá dentro, o seu peso, a sua tristeza, algo que o oprimia.
Bezerra de Menezes não fora, como alguns de seus admiradores supõem, um despreocupado com o dia de amanhã, com a assistência à família, com o futuro dos seus queridos entes familiares.
Sabia, como poucos, ater-se à disciplina do necessário, a desprezar o supérfluo, a não se apegar às coisas materiais. Aceitava o pagamento dos clientes que lhe podiam pagar e dava aos pobres e estropiados o que podia dar, inclusive algo de si mesmo. Sua família jamais passou necessidade. Todos seus familiares lhe tiveram a assistência permanente e o alimento espiritual de seus bons exemplos. Preocupava-se com o futuro de seu Espírito e dos Espíritos daqueles que o Pai lhe confiou.
Bezerra de Menezes era um profundo conhecedor das ciências da vida e um filósofo por excelência. Nessas lutas, pouco se lhe dava que seus contendores ocupassem altos postos na política ou na administração pública, que gozassem do maior prestígio dos poderosos. Colocava, acima de seus interesses pessoais, a defesa do Espiritismo, desde que ela se fizesse necessária.
Bezerra de Menezes adoeceu vítima de anasarca (edema generalizado devido à infiltração de líquido seroso no tecido celular subcutâneo de todo o organismo), e com o corpo inchado e em plena doença, ainda hemiplégico (paralisia total ou parcial da metade lateral do corpo), atendia aos seus inúmeros doentes que o visitavam, enviando-lhe no aceno das mãos, no sorriso dos lábios ou pelo olhar manso e bom, consolações e testemunhos de confiança na Virgem Santíssima de quem era devotíssimo.
Foram quatro meses de longos sofrimentos atrozes, em seu modesto quarto onde a violentíssima doença o privara de qualquer movimento e da própria fala. Apenas seus lindos olhos verdes se moviam e falavam naquela linguagem misteriosa da expressão nascida da pureza de seu coração e da grandeza extraordinária de sua fé de apóstolo.
Bezerra de Menezes fez questão de que os remédios administrados para sua doença fossem prescritos pelas entidades espirituais, e de receber passes mediúnicos, indo os médiuns à sua residência, para esse fim caridoso.
No dia 11 de abril de 1900, sentindo que se aproximava seu desencarne, orou à Virgem Santíssima, advogada de nossas súplicas junto ao Divino Mestre e a Deus todo poderoso, pedindo dessa maneira que aproveitasse todo o sofrimento para pureza de seu espírito, e que a Mãe Santíssima não desamparasse os irmãos que ainda ficariam e que vinham até sua humilde residência buscar daquele humilde servo uma migalha de conforto e amor, e com humildade e devoção a Maria, Jesus e nosso Pai Celeste, desencarnou
Gente de todo o Rio de Janeiro, entre pobres e ricos vieram orar por Bezerra de Menezes, o médico dos pobres, o Kardec Brasileiro.
Bezerra de Menezes foi na Terra o extraordinário mensageiro do Evangelho, simbolizando na sua fé, na sua ação, no seu trabalho, no seu amor, nos seus pensamentos e na sublime caridade que praticava sempre em todas as horas de seu viver, continua ainda nas etéreas regiões, por intermédio dos mais diversos médiuns existentes em todo o Brasil, distribuindo as flores mais belas e mais viçosas, nascidas de seu coração aos que sofrem, gemem, choram e desesperam, em virtude de seus padecimentos físicos e morais. Continua a ser o médico dos necessitados, dos doentes do espírito e do corpo físico.
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