sexta-feira, 25 de junho de 2010

ODILA

ODILA - Desencarnada ainda jovem, Odila vê seus sonhos de amor arruinados com o segundo casamento do marido, um homem que julgava eternamente seu. A outrora terna mãe de Evelina não ouve os rogos da filha, agora presa de estranha loucura: junto à segunda esposa do marido, jura vingança pela intromissão da mulher em seu lar e pela morte do filho. Enlouquecida de ciúmes, luta para aniquilar Zulmira. Mais tarde, esclarecida por Clara, um luminoso Espírito, transforma-se no anjo protetor do antigo lar terreno e benfeitora maior da ex-rival. É, entre todas as personagens, a de maior coragem e grandeza.

TRECHO DO LIVRO "ENTRE A TERRA E O CÉU": Odila martelava o cérebro de Zulmira, reiterando, desapiedada:

— Recorda o crime, infeliz! lembra-te da horrível manhã em que te fizeste assassina! onde colocaste meu filho? porque afogaste um inocente?

— Não, não! — gritava a pobrezinha dementada — não fui eu! juro que não fui eu! Júlio foi tragado pelas ondas...

— E porque não velaste pela criança que meu marido levianamente confiou às tuas mãos infiéis? acaso, não te acusa a própria consciência? onde situas o senso de mulher? Pagar-me-ás alto preço pelo relaxamento delituoso... Não permitirei que Amaro te ame, alimentarei a antipatia dele contra ti, atormentarei as pessoas que te desejarem socorrer, destruirei a própria casa de que te apossaste e me pertence!... Impostora! impostora!...

— Sim, sim... — concordava Zulmira, terrificada —, não matei, mas não fiz o que me competia para salvá-lo! Perdoa-me! perdoa-me! prometo empenhar-me no refazimento da paz de todos... Serei uma escrava de teu marido e restitui-lo-ei aos teus braços; converter-me-ei em serva de tua filhinha, cujos passos orientarei para o bem, mas, por piedade, deixa-me viver! Liberta-me! Compadece-te de mim!...

— Nunca! nunca! — bradava a interlocutora, friamente — tua falta é imperdoável. Mataste! Deves confessar o delito perpetrado, à frente da polícia!...

— Não! não! — suplicava Zulmira, com sinais comoventes de angústia.

— Se não aniquilaste meu filho — bradava a outra, cruel —, devolve-o aos meus braços! Devolve-o! devolve-o!...

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