quarta-feira, 30 de junho de 2010

TU E TUA CASA

"E eles disseram: Crê no Senhor Jesus-Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa." - (ATOS, 16:31.)

Geralmente, encontramos discípulos novos do Evangelho que se sentem profundamente isolados no centro doméstico, no capítulo da crença religiosa.

Afirmam-se absolutamente sós, sob o ponto de vista da fé. E alguns, despercebidos de exame sério, tocam a salientar o endurecimento ou a indiferença dos corações que os cercam. Esse reporta-se à zombaria de que é vítima, aquele outro acusa familiares ausentes.

Tal incompreensão, todavia, demonstra que os princípios evangélicos lhes enfeitam a zona intelectual, sem lhes penetrarem o âmago do coração.

Por que salientar os defeitos alheios, olvidando, por nossa vez, o bom trabalho de retificação que nos cabe, no plano da bondade oculta?

O conselho apostólico é profundamente expressivo...

No lar onde exista uma só pessoa que creia sinceramente em Jesus e se lhe adapte aos ensinamentos redentores, pavimentando o caminho pelos padrões do Mestre, aí permanecerá a suprema claridade para a elevação.

Não importa que os progenitores sejam descrentes, que os irmãos se demorem endurecidos, nem interessam a ironia, a discussão áspera ou a observação ingrata.

O cristão, onde estiver, encontra-se no domicílio de suas convicções regenerativas, para servir a Jesus, aperfeiçoando iluminando a si mesmo.

Basta uma estaca para sustentar muitos ramos. Uma pedra angular equilibra um edifício inteiro.

Não te esqueças, pois, de que se verdadeiramente aceitas o Cristo e a Ele te afeiçoas, serás conduzido para Deus, tu e tua casa.

(Do livro "Vinha de Luz", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, 29 de junho de 2010

O QUADRO-NEGRO


"Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito. " - Jesus. (JOÃO, 16:4.)

Referia-se Jesus aos próprios testemunhos, entretanto, podemos igualmente aplicar-lhe os divinos conceitos a nós mesmos, desencarnados e encarnados.

Cada discípulo terá sua hora de revelações do aproveitamento individual.

As escolas primárias não dispensam o habitual quadro-negro, destinado às demonstrações isoladas do aluno.

À frente do professor consciencioso, o aprendiz mostrará quanto lucrou, sem os recursos do plágio afetuoso, entre companheiros.

Sobre a zona escura, o giz claro definirá, fielmente, a posição firme ou insegura do estudante.

E não será isto mesmo o que se repete na escola vasta do mundo? O homem, nas lutas vulgares, poderá socorrer-se, indefinidamente, dos bons amigos.

O Pai permite semelhantes contactos para que as oportunidades de aprender se lhe tornem irrestritas; no entanto, lá vem "aquela hora" em que a criatura deve tomar o giz alvo e puro das realizações espirituais, colocando-se junto ao quadro-negro das provas edificantes.

Alguns aprendizes fracassam porque não sabem multiplicar os bens, nem dividi-los.

Ignoram como subtrair a luz das trevas, somam os conflitos e formam equações de ódio e vingança.

Esquecem-se de que Jesus salientou o amor, por máxima glória, em todas as situações do apostolado evangélico e que, mesmo na cruz, depois de receber os fatores da injúria, da perseguição, da ironia e do desprezo, somou-os na tábua do coração, extraindo a divina equação de serenidade, entendimento e perdão.

Oh! vós, que ides ao quadro-negro das atividades terrestres, abandonai o giz escuro da desesperação! escrevei em caracteres de luz o que aprendestes do Mestre Divino! Revela o próprio valor! Lembrai-vos que instrutores benevolentes e sábios vos inspiram as mãos! Abençoai o quadro-negro que vos pede o giz de suor e lágrimas, porque junto dele podereis conquistar o curso maior!

(Do livro "Vinha de Luz", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

S E M E N T E I R A

Abre-se a floresta até antão intransitável e densa.

Definem-se dificuldades, pântanos, espinheiros...

O semeador, porém, não se confia ao desânimo.

Traça planos.

Ataca o serviço.

Realiza o milagre.

De início, é o desbravar.

Em seguida, surgem os imperativos de preparação do solo e de seleção dos recursos.

A cova minúscula e escura recebe a semente pequenina, que perde os envoltórios com a colaboração do tempo.

Só então, é possível a promessa do grelo tenro.

Todavia, não param aí os desvelos e as vigílias do semeador.

Hoje, é necessário proteger a plantinha frágil contra o esmagamento; amanhã, é imprescindível furta-la ao assédio dos vermes destruidores.

Agora, pede a lavoura iniciante adequada medida contra a canícula rigorosa; depois, reclama providências que a salvem do aguaceiro.

A fronde, a flor e o fruto representam, no entanto, o precioso prêmio.

Assim também, é a sementeira espiritual.

Nas profundezas da mente inculta caem os princípios da Divina Sabedoria.

Ninguém exija, contudo, o resultado absoluto num instante.

Quantos séculos teremos despendido, na formação da selva de nossos instintos e de nossos caprichos obscuros?

O serviço de adaptação e educação reclama tempo e paciência para que a colheita do conhecimento e do amor, em cada alma, enriqueça os celeiros da Terra.

Não esperemos que o nosso companheiro de experiência nos ofereça a perfeição impraticável de um momento para outro.

Se procuramos o Cristo, gravemos as lições d'Ele, em nós mesmos, antes de impô-las aos semelhantes.

Adubemos o solo dos corações com a luz do bom exemplo, com a bênção da fraternidade, com flor do estímulo e com o silêncio da compreensão.

Não firamos, onde não possamos auxiliar.

O Sol resplandece sem palavras, curando as chagas do Planeta.

A fonte rola contando, sem acusações, colada ao dorso da Terra.

O vento fecunda a natureza, sem exigências.

Amemos sempre.

O coração que se devota à fraternidade não usa o poder do verbo para denegrir ou dilacerar.

Passemos auxiliando.

Compadeçamo-nos do cardo que ainda conserva aguçados acúleos.

Compadeçamo-nos das ervas envenenadas, que ainda não conseguiram modificar a própria seiva.

Compadeçamo-nos das árvores infelizes, cujos galhos ressecaram pela pobreza do ambiente em que nasceram.

A senda é longa.

A romagem solicita o esforço das horas incessantes.

Sigamos improvisando o bem, por onde passarmos.

Guarde a nossa luta a sublime experiência do semeador.

Compreendamos o cipoal, auxiliemos o chão duro do destino e aproveitemos a lama da estrada para o bem geral, projetando na terra das almas as sementes benditas que o Mestre nos confiou.

E, esperemos o tempo, de vez que o tempo é o patrimônio da Divina bondade que na esteira dos dias, dos anos e dos séculos, nos oferecerá sempre à colheita de nossa vida, segundo as nossas próprias obras.

(Do livro "Doutrina e Aplicação", André Luiz, Francisco Cândido Xavier, Espíritos Diversos)

O VERBO É CRIADOR


"Mas o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem." - Jesus. (MATEUS, 15:18.)

O ensinamento do Mestre, sob o véu da letra, consubstancia profunda advertência.

Indispensável cuidar do coração, como fonte emissora do verbo, para que não percamos a harmonia necessária à própria felicidade.

O que sai do coração e da mente, pela boca, é força viva e palpitante, envolvendo a criatura para o bem ou para o mal, conforme a natureza da emissão.

Do íntimo dos tiranos, por esse processo, origina-se o movimento inicial da guerra, movimento destruidor que torna à fonte em que nasceu, lançando ruína e aniquilamento.

Da alma dos caluniadores, partem os venenos que atormentam espíritos generosos, mas que voltam a eles mesmos, escurecendo-lhes os horizontes mentais.

Do coração dos maus, dos perversos e dos inconscientes, surgem, através do poder verbalista, os primórdios das quedas, dos crimes e das injustiças; todavia, tais elementos perturbadores não se articulam debalde para os próprios autores, porque dia chegará em que colherão os frutos amargos da atividade infeliz a que deram impulso.

Assim também, a alegria semeada, por intermédio das palavras salutares e construtivas, cresce e dá os seus resultados.

O auxílio fraterno espalha benefícios infinitos, e o perfume do bem, ainda quando derramado sobre os ingratos, volta em ondas invisíveis a reconfortar a fronte que o emite.

O ato de bondade é invariável força benéfica, em derredor de quem o mobiliza. Há imponderáveis energias edificantes, em torno daqueles que mantêm viva a chama dos bons pensamentos a iluminar o caminho alheio, por intermédio da conversação estimulante e sadia.

Os elementos psíquicos que exteriorizamos pela boca são potências atuantes em nosso nome, fatores ativos que agem sob nossa responsabilidade, em plano próximo ou remoto, de acordo com as nossas intenções mais secretas.

É imprescindível vigiar a boca, porque o verbo cria, insinua, inclina, modifica, renova ou destrói, por dilatação viva de nossa personalidade.

Em todos os dias e acontecimentos da vida, recordemos com o Divino Mestre de que a palavra procede do coração e, por isso mesmo, contamina o homem.

Do livro Vinha de Luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

domingo, 27 de junho de 2010

DÍVIDA DE AMOR


"Portanto, dai a cada um o que deveis; a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra." - Paulo. (ROMANOS, 13:7.)

Todos nós guardamos a dívida geral de amor uns para com os outros, mas esse amor e esse débito se subdividem, através de inúmeras manifestações.

A cada ser, a cada coisa, paisagem, circunstância e situação, devemos algo de amor em expressão diferente.

A criatura que desconhece semelhante impositivo não encontrou ainda a verdadeira noção de equilíbrio espiritual.

Valiosas oportunidades iluminativas são relegadas, pelas almas invigilantes, à obscuridade e à perturbação.

Que prodigioso Éden seria a Terra se cada homem concedesse ao próximo o que lhe deve por justiça! O homem comum, todavia, gravitando em torno do próprio "eu", em clima de egoísmo feroz, cerra os olhos às necessidades dos outros.

Esquece-se de que respira no oxigênio do mundo, que se alimenta do mundo e dele recebe o material imprescindível ao aperfeiçoamento e à redenção.

A qualquer exigência do campo externo, agasta-se e irritar-se, acreditando-se o credor de todos.

Muitos sabem receber, raros sabem dar.

Por que esquivar-se alguém aos petitórios do fragmento de terra que nos acolhe o espírito? por que negar respeito ao que comanda, ou atenção ao que necessita? Resgata os títulos de amor que te prendem a todos os seres e coisas do caminho.

Quanto maior a compreensão de um homem, mais alto é o débito dele para com a Humanidade; quanto mais sábio, mais rico para satisfazer aos impositivos de cooperação no progresso universal.

Não te iludas.

Deves sempre alguma coisa ao companheiro de luta, tanto quanto à estrada que pisas despreocupadamente.

E quando resgatares as tuas obrigações, caminharás na Terra recebendo o amor e a recompensa de todos.

(Do livro "Vinha de Luz", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ZULMIRA

ZULMIRA - Segunda esposa de Amaro. Torturada psiquicamente, é levada a desejar ardentemente a morte do pequeno Júlio, por não suportar o carinho do marido para com o menino. Mas quando ele desencarna, sente-se culpada, adoecendo em seguida, vítima do remorso e da cruel perseguição de Odila. Não sabe que Júlio é duplamente suicida. Mais tarde, já suspensa a obsessão, Zulmira auxilia Odila recebendo Júlio em seus braços, por duas vezes, como filho muito amado.

TRECHO DO LIVRO "ENTRE A TERRA E O CÉU": — Porque tamanha provação se não é ela a autora do crime? — inquiri por minha vez.

O Ministro, porém, informou, preciso: — André, segundo as anotações que já recolhemos da irmã Eulália, Zulmira não é propriamente a autora, mas, com loucas ciumadas do marido, desejou ardentemente a morte da criança, chegando mesmo a favorecê-la.

Depois de breve pausa, prosseguiu:

— Amaro experimentava imensa devoção afetiva pelo filhinho. Sabendo-o sem o carinho materno e reconhecendo que a madrasta não primava pelo amor, junto dos enteados, passava a dormir ao lado do caçula, rodeando-o de mimos. Quando tornava a casa, cada dia, confiava-se a longas conversações com o filho, lendo-lhe histórias ou escutando-lhe, atencioso, as narrativas infantis. Zulmira, em razão disso, ralada de despeito, passou a ver no menino um adversário de sua felicidade doméstica. A dedicação de Evelina para com o genitor não lhe doía tanto. A madrasta nada sentia contra ela, mas o pequeno excitava-a. Chegava mesmo a estimular-lhe indébitas incursões na via pública, admitindo que algum veículo podia fazer o que não tinha coragem de realizar com as próprias mãos... Foi nessa disposição de espírito que acompanhou a família ao banho matinal, em clara manhã domingueira. Entregues ao contentamento da excursão, Amaro e a filhinha distanciaram-se... Não seria aquele o momento azado para consumar o velho propósito? Decerto, Júlio, em sua curiosidade infantil, não resistiria à atração para o seio das águas. Ninguém poderia culpá-la...

ODILA

ODILA - Desencarnada ainda jovem, Odila vê seus sonhos de amor arruinados com o segundo casamento do marido, um homem que julgava eternamente seu. A outrora terna mãe de Evelina não ouve os rogos da filha, agora presa de estranha loucura: junto à segunda esposa do marido, jura vingança pela intromissão da mulher em seu lar e pela morte do filho. Enlouquecida de ciúmes, luta para aniquilar Zulmira. Mais tarde, esclarecida por Clara, um luminoso Espírito, transforma-se no anjo protetor do antigo lar terreno e benfeitora maior da ex-rival. É, entre todas as personagens, a de maior coragem e grandeza.

TRECHO DO LIVRO "ENTRE A TERRA E O CÉU": Odila martelava o cérebro de Zulmira, reiterando, desapiedada:

— Recorda o crime, infeliz! lembra-te da horrível manhã em que te fizeste assassina! onde colocaste meu filho? porque afogaste um inocente?

— Não, não! — gritava a pobrezinha dementada — não fui eu! juro que não fui eu! Júlio foi tragado pelas ondas...

— E porque não velaste pela criança que meu marido levianamente confiou às tuas mãos infiéis? acaso, não te acusa a própria consciência? onde situas o senso de mulher? Pagar-me-ás alto preço pelo relaxamento delituoso... Não permitirei que Amaro te ame, alimentarei a antipatia dele contra ti, atormentarei as pessoas que te desejarem socorrer, destruirei a própria casa de que te apossaste e me pertence!... Impostora! impostora!...

— Sim, sim... — concordava Zulmira, terrificada —, não matei, mas não fiz o que me competia para salvá-lo! Perdoa-me! perdoa-me! prometo empenhar-me no refazimento da paz de todos... Serei uma escrava de teu marido e restitui-lo-ei aos teus braços; converter-me-ei em serva de tua filhinha, cujos passos orientarei para o bem, mas, por piedade, deixa-me viver! Liberta-me! Compadece-te de mim!...

— Nunca! nunca! — bradava a interlocutora, friamente — tua falta é imperdoável. Mataste! Deves confessar o delito perpetrado, à frente da polícia!...

— Não! não! — suplicava Zulmira, com sinais comoventes de angústia.

— Se não aniquilaste meu filho — bradava a outra, cruel —, devolve-o aos meus braços! Devolve-o! devolve-o!...

EVELINA

EVELINA - Rogando proteção à mãezinha desencarnada, em comovente prece refratada, a adolescente dá início à ação de Clarêncio, André Luiz e Hilário, no socorro ao lar de Zulmira. Dona de nobre e generoso coração, trabalha com afinco pela felicidade do pai e da madrasta. É elevada, espiritualmente, igualando-se, entre os encarnados, apenas à Antonina.

TRECHO DO LIVRO "ENTRE A TERRA E O CÉU": - Mas, que vem a ser uma oração refratada? — indagou Hilário a Clarêncio.

— A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo.

— Irmã — disse Clarêncio, preciso, dirigindo-se à assistente Eulália —, este gráfico registra aflitivo apelo de Evelina, cuja volta ao aprendizado na carne foi garantida por nossa organização. Parece-me estar a pobrezinha em extremas dificuldades...

— Sim — concordou a interpelada —, Evelina, apesar da fragilidade do novo corpo, vem sustentando imensa luta moral. O pai, sobrecarregado de questões íntimas, tem a saúde periclitante e a madrasta vem sofrendo obstinada perseguição, por parte de nossa desventurada Odila.

— A genitora de Evelina?

— Sim, ela mesma. Ainda não se resignou a perder a primazia feminina no lar. E Evelina, depois de perder o maninho em trágicas circunstâncias, acha-se desorientada, entre o genitor aflito e a segunda mãe, em desespero... Ainda anteontem, pude vê-la. Chorava, comovedoramente, diante da fotografia da mãezinha desencarnada, suplicando-lhe proteção. Odila, porém, envolvida nas teias das próprias criações mentais, não se mostra capaz de corresponder à confiança e à ternura da menina. Ela, entretanto, tem insistido com tal vigor na obtenção de socorro espiritual que as suas rogativas, quebrando a direção, chegam até aqui...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

André Luiz


O ano de 1944 marca a estréia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro, revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo. "Nosso Lar" descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos espíritas do país.

Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho, continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.

Todos querem saber mais sobre o autor.

André Luiz não é o seu verdadeiro nome.

Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século iniciante, e que exerceu sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade".

Declara Emmanuel, no prefácio de "Nosso Lar", que ele, "por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão."

Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem que se chegue à sua real identidade.

André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros, sem curvar-se à curiosidade geral.

Importa o que tem a dizer, de espírito à espírito.

A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração lúcido e enobrecido.

André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente à Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à Codificação.

Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita, lhe exornando a excelência e clarificando caminhos.

Chico Xavier, o médium que serviu de "ponte", hoje desencarnado, não pode mais oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.

Não sabemos se André Luiz retornará pela mão de outro médium.

Deste modo, resta apenas, aos espíritas e admiradores, o estudo de sua obra magnífica, calando interrogações para ater-se às lições ministradas, de mente despojada e coração agradecido.

Como ele, certamente, aguarda seja feito.

O HOMEM - André Luiz traça de si mesmo um perfil comum, previsível, sem nuances ou grandezas espirituais. Logo nas primeiras páginas de "Nosso Lar", diz, referindo-se à sua personalidade de então: "Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranqüilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção do tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência. Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuí um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade."

O APRENDIZ - É possível acompanhar esta personalidade em André Luiz por quase todo primeiro volume da série "Nosso Lar". No Umbral, irrita-se com a pecha de suicida e tenta reunir forças para esmurrar os agressores, sem sucesso; já em Nosso Lar, ainda frágil, ofende-se com as verdades que o médico espiritual lhe declara, analisando seu desencarne prematuro; recuperado, quer trabalhar, ansiando pelo velho cargo de médico, sem cogitar de suas reais possibilidades no campo da medicina espiritual; junto à mãezinha, queixa-se choroso de suas dores e dificuldades, infantilizando-se; nas Câmeras de Retificação, como homem comum e de passado vicioso, é levado a encarar, face a face, a mulher que infelicitou um dia, na juventude distante; fiel e apegado egoisticamente à esposa deixada na Terra, se abstrai de partilhar momentos de lazer e amizade com o elemento feminino, deixando de acompanhar Lísias e demais amigas ao Campo da Música.

É só a pouco e pouco que André se conscientiza de sua nova posição e responsabilidades. Chora com freqüência, ouvindo verdades que não toleraria na Terra, ali orgulhoso e arrogante; aprende humildade a duros golpes; observa, ouve, pergunta, medita...

Assim o vemos crescendo com as dificuldades e superando desafios, no intuito sincero de se aprimorar. Auxilia Elisa, a jovem infelicitada, serve aos doentes das Câmaras de Retificação com redobrado carinho, sendo-lhes, não o médico, mas o irmão dedicado e vigilante; aceita as recomendações de Genésio e de sua mãe, vigiando pensamentos e sentimentos inferiores, para aprender a calar queixas e mágoas improcedentes; e, finalmente, buscando a integração perfeita com o clima harmonioso e elevado de Nosso Lar, através do trabalho e da renovação íntima, recebe a ansiada autorização para retornar ao lar terrestre, o qual não mais pudera visitar.

O NOVO HOMEM - Sentindo-se qual criança, na companhia dos Mentores que lhe patrocinaram o regresso à casa, não contém em si a alegria e o júbilo de retornar aos seus. Adentra a antiga morada, estranhando a decoração e dando por falta de detalhes, como um gracioso retrato da família que adornava a entrada, embelezando-a singularmente. Ainda assim, feliz e exultante, corre ao encontro de Zélia, sua amada esposa, gritando-lhe sua saudade e seu amor, mas ela não o ouve. Desapontado, abraça-se à ela, mas em vão: Zélia parece completamente indiferente ao seu carinho e ao seu abraço.

Então, ouvindo-a conversar com alguém, descobre-lhe o segundo casamento: "Mas doutor, salve-o, por caridade! Peço-lhe! Oh, não suportaria uma segunda viuvez."

André Luiz descreve assim sua decepção e seu sofrimento: "Um corisco não me fulminaria com tamanha violência. Outro homem se apossara de meu lar. A esposa me esquecera. A casa não mais me pertencia. Valia a pena ter esperado tanto para colher semelhantes desilusões?"

E prossegue, recordando os duros momentos de sua volta ao lar terreno: "Corri ao meu quarto, verificando que outro mobiliário existia na alcova espaçosa. No leito estava um homem de idade madura, evidenciando melindroso estado de saúde... De pronto, tive ímpetos de odiar o intruso com todas as forças, mas já não era eu o mesmo homem de outros tempos... Assentei-me decepcionado e acabrunhado, vendo Zélia entrar no aposento e dele sair, acariciando o enfermo com a ternura que me coubera noutros tempos... Minha casa pareceu-me, então, um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos! Somente uma filha ali estava de sentinela ao meu velho e sincero amor."

À tardinha do dia seguinte, André recebe a visita de Clarêncio, que, percebendo seu abatimento, lhe diz: "Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho... Apenas não posso esquecer que aquela recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos."

André pondera o alcance das palavras de Clarêncio e, sentindo-se realmente renovado, um outro homem, a quem o Senhor havia chamado aos ensinamentos do amor, da fraternidade e do perdão, reflete com mais serenidade: "Afinal de contas, por que condenar o procedimento de Zélia? E se fosse eu o viúvo na Terra? Teria, acaso, suportado a prolongada solidão? Não teria recorrido a mil pretextos para justificar novo consórcio? E o pobre enfermo? Por que odiá-lo? Não era também meu irmão na Casa de Nosso Pai? Precisava era, pois, lutar contra o egoísmo feroz..."

De imediato, procura auxiliar a Ernesto, o novo esposo de Zélia, mas sente-se enfraquecido, debilitado, compreendendo então o valor do amor e da amizade, alimentos confortadores absorvidos em Nosso Lar.

Em prece, clama o auxílio de Narcisa, sua grande amiga das Câmaras de Retificação. Juntos dirigem-se à Natureza exuberante, dali retirando os elementos curativos à enfermidade do doente.

Recuperado o enfermo, e restituindo a alegria à antiga morada, André Luiz retorna a Nosso Lar, sentindo-se jubiloso e renovado. Mas ao chegar, imensa surpresa o aguarda: Clarêncio, em companhia de dezenas de amigos, vêm ao seu encontro, saudando-o, generosos e acolhedores. O bondoso velhinho se adianta,e, estendendo-lhe a mão, diz, comovido:

"Até hoje, André, você era meu pupilo na cidade; mas, doravante, em nome da Governadoria, declaro-o cidadão de Nosso Lar."

O MENSAGEIRO - Imensa transformação opera-se no íntimo de André. "Compelido a destruir meus castelos de exclusivismo injusto, senti que outro amor se instalava em minhalma", diz. Volta a freqüentar o ninho doméstico, não mais como senhor, mas como alguém "que ama o trabalho da oficina que a vida lhe designou"; auxilia a Zélia, o quanto está em suas forças, ampara os filhos e evita encarar o segundo marido como o intruso que lhe roubou o amor da companheira do mundo.

Alegre esperança se lhe desenha no espírito, mas sente-se vazio, de alguma forma, entediado. Compreendendo-lhe a transformação, diz-lhe Narcisa: "André, meu amigo, você vem fazendo a renovação mental. Em tais períodos, extremas dificuldades espirituais nos assaltam o coração... Sei que você experimenta intraduzível alegria ao contato da harmonia universal, após o abandono de suas criações caprichosas, mas reconheço que, ao lado das rosas de júbilo, defrontando os novos caminhos que se descerram para sua esperança, há espinhos de tédio nas margens das velhas estradas inferiores que você vai deixando para trás. Seu coração é uma taça iluminada aos raios do alvorecer divino, mas vazia dos sentimentos do mundo que a encheram por séculos consecutivos."

"Não poderia, eu mesmo, formular tão exata definição do meu estado espiritual", comove-se André Luiz. E conhecendo-o bem, seu temperamento agitado, Narcisa sugere, com felicidade: "Creio deve você aproveitar os novos cursos de serviço, instalados no Ministério da Comunicação. Muitos companheiros nossos habilitaram-se a prestar concurso na Terra, nos campos visíveis e invisíveis ao homem, acompanhados, todos eles, por nobres instrutores. Poderia você conhecer experiências novas, aprender muito e cooperar com excelente ação individual. Por que não tenta?"

André sente-se então dominado por esperanças diferentes, relativamente às suas tarefas, conforme afirma. Levado por Tobias até a residência de Aniceto, entidade que se ligaria fundamente à sua vida espiritual, mantêm com ele fraterno diálogo, cientificando-se do trabalho e das novas responsabilidades porvindouras.

André aceita, jubiloso, a nova e fascinante etapa existencial. E diz: "Misteriosa alegria dominava-me todo, sublimada esperança iluminava-me os sentimentos. Aquele desejo ardente de colaborar em benefício dos outros, que Narcisa me acendera no íntimo, parecia encher, agora, a taça vazia do meu coração.

Trabalharia sim. Conheceria a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procuraria a prodigiosa luz da fraternidade, através do serviço às criaturas."

E olvidando o próprio nome, que deixa para trás por amor à Deus e as criaturas, reveste-se transitoriamente de outra personagem, para melhor ensinar e amparar.

Surge André Luiz.

SUA OBRA: NOSSO LAR, OS MENSAGEIROS, MISSIONÁRIOS DA LUZ, OBREIROS DA VIDA ETERNA, NO MUNDO MAIOR, AÇÃO E REAÇÃO, LIBERTAÇÃO, ENTRE A TERRA E O CÉU, NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, MECANISMOS DA MEDIUNIDADE, EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, CONDUTA ESPÍRITA, SEXO E DESTINO, DESOBSESSÃO, E A VIDA CONTINUA, AGENDA CRISTÃ, SOL NAS ALMAS, SINAL VERDE, ENDEREÇOS DE PAZ, OPINIÃO ESPÍRITA, ESTUDE E VIVA (estes dois últimos com Emmanuel).

Muitos outros livros ainda compõem este acervo, além de centenas de mensagens distribuídas nos inúmeros livros de Francisco Cândido Xavier.

"Quero trabalhar e conhecer a satisfação dos cooperadores anônimos da felicidade alheia. Procurarei a prodigiosa luz da fraternidade através do serviço às criaturas, olvidando o próprio nome que deixo para trás por amor a Deus e a elas. Revisto-me transitoriamente de outra personagem para melhor ensinar e amparar. Sou André Luiz."

sábado, 19 de junho de 2010

UNIÕES ENFERMAS

Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria sustentação.

Dois associados no condomínio da responsabilidade na mesma construção.

Dois companheiros compartilhando um só investimento.

* * *

Às vezes, depois dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram obstáculos pela frente.

Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância necessária.

Surge a irritação e aparece o ressentimento.

Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um deles foge à cooperação.

Surge o cansaço e aparece o desapreço.

Hoje - queixas.

Adiante - desatenções e lágrimas.

Amanhã - rixas.

Adiante ainda - amarguras e acusações recíprocas.

Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.

* * *

Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros para uniões diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes da comunhão familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma, partindo no rumo de novos ajustes afetivos.

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Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar, além dessa. Entretanto, se te vês nos problemas da união enferma e, principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível, mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.

Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde que nos empenhemos a solve-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do amor.

(Do livro "Caminhos de Volta", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier, Espíritos Diversos)

Emmanuel - Mentor Espiritual de Chico Xavier

Emmanuel é o nome do espírito que tutelou a atividade mediúnica de Franscisco Cândido Xavier, o maior médium psicógrafo de sempre, com mais de 350 obras psicografadas.

Ao tempo da passagem de Jesus pela Terra, chamou-se Públio Lentulus - senador romano -, e, ao que se sabe, foi a única autoridade que efetuou perfeito descrição Dele, através da célebre carta, publicada em numerosas línguas, autêntica obra-prima do gênero pessoalmente, encontrou-o, solicitando-lhe auxílio para a cura de sua filha Flávia, que, supomos, estaria leprosa.

Desencarnou em Pompeia, no ano 79, vítima das lavas do Vesúvio, encontrando-se na altura invisual anos depois, reencarnaria como judeu na Grécia, em Éfeso, já não mais sob a toga de orgulhoso senador romano, mas sim na estamenha de modesto escravo Nestório, que, na idade madura, participava das reuniões secretas dos cristãos nas catacumbas de Roma.

Podemos ficar com melhor conhecimento da história dessse espírito através das suas obras: Há Dois Mil Anos e Cinquenta Anos Depois , transmitidas mediunicamente através de Chico Xavier. Estas obras constituem verdadeiras obras primas de literatura mediúnica e histórica.

O Dr. Elias Barbosa diz-nos que Emmanuel, o mentor espiritual que todos respeitiamos, foi a personalidade de Manol da Nóbrega, renascido em 18 de Outubro de 1517, em Sanfins, entre Douro e Minho, Portugal, quando reinava D. Manuel I, o Venturoso . Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos, e, com 21, inscreve-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, frequentando aulas de Direito Canónico e Filosofia a 14 de Junho de 1541, em plena mocidade, recebe a láurea doutoral, sendo, então, considerado doutíssiomo Padre Manoel da Nóbrega , pelo doutor Martim Azpilcueta Navarro.

Mais tarde, a 25 de Janeiro de 1554, seria um dos principais fundadores da grande metrópole São Paulo. Foi também o fundados da cidade de Salvador, Bahia, a primeira capital do Brasil.

A informação de que Emmanuel teria sido o Padre Manoel da Nóbrega, foi dada pelo próprio Emmanuel em várias comunicações através da mediunidade idónea e segura de Francisco Cândido Xavier.

No início da actividade mediúnica de Chico, nos anos trinta, ainda sem se identificar, disse-lhe que gostaria de trabalhar com ele durante longos anos, mas que necessitaria de três condições básicas para o fazer: 1ª disciplina, 2ª disciplina e 3ª disciplina. O que Chico cumpriu até hoje. Foi um modesto funcionário público do Ministério da Agricultura que jamais misturou a sua actividade profissional com o exercício da mediunidade. Não poderemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que, durante as décadas que esteve ao serviço do Estado, nunca - não obstante a sua precária saúde e o trabalho doutrinário, fora das horas de serviço - deu uma única falta ou gozou qualquer tipo de licença, conforme documentos facultados pelo M.A. Também no início da sua nobre missão, Emmanuel disse-lhe que se alguma vez ele o aconselhar a algo que não esteja de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, deverá procurar esquecê-lo, permanecendo fiel a Jesus e Kardec.

Emmanuel fez também parte da falange do Espírito da Verdade que trouxe à Terra o Cristianismo restaurado, definição sua da Doutrina Espírita. No Evangelho Segundo o Espiritismo , Allan Kardec inseriu uma mensagem de Emmanuel, recebida em Paris, 1861, intitulada O Egoísmo (Cap. XI - 11)

Para além dos dois livros históricos citados, temos ainda várias dezenas de outros, dos quais destacamos: Paulo e Estevão , obra que, segundo Herculano Pires, justificaria, por si só, a missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier Ave, Cristo e Renúncia , livros estes que, juntamente com os citados anteriormente, ajudam-nos a entender o nascimento do Cristianismo e, depois, à sua gradual adulteração este cinco livros são baseados em factos históricos verdadeiros. Foi considerado o 5º evangelista, pela superior interpretação do pensamento de Jesus analisemos os seus livros: Caminho, Verdade e Vida , Pão Nosso , Vinha de Luz e Fonte Viva .

Visto ser completamente impossível, num trabalho deste gênero, falar de toda a sua obra transmitida através de Chico Xavier, gostaríamos, no entanto, de registrar os livros: A Caminho da Luz , que nos relata uma História da Civilização à Luz do Espiritismo e Emmanuel , livro constituído por diversas dissertações importantes sobre Ciência, Religião e Filosofia, que preocupam a Humanidade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

UMA HORA VIRÁ

Uma hora virá em que a senda terrestre se te revelará sob nova expressão.

Hora em que te despedirás de todos os patrimônios que desfrutaste no mundo...

Em que compreenderás na Terra a escola que te serviu generosamente....

Em que verás no corpo a armadura bendita a garantir-te o aprendizado...

Em que reconhecerás no ouro e na posse valiosos empréstimos do Divino Poder que detiveste a título precário...

Hora em que desejarias ter sido a melhor das criaturas para que a simpatia dos outros te acalente a alma inquieta...

Em que todos os nobres ideais não cumpridos surgirão a teus olhos, perguntando: - "por que nos esqueceste?..."

Em que a luz da memória te fará lembrar dia por dia, devolvendo-te a plantação do caminho percorrido em forma de colheita...

Hora em que o pensamento, por mais célere, não recuperará os minutos perdidos, em que as mãos, por mais diligentes, não conseguirão retroceder para realizar a tarefa menosprezada e em que a língua, por mais culta, não conseguirá recuar para refazer as palavras irrefletidas.

O aprendiz chega ao dia da aferição de aproveitamento, o operário atinge a ocasião em que será julgado pela obra feita...

Alcançarás, igualmente, a hora inevitável em que cessará tua presença visível entre os homens para que a Terra te julgue.

Vive, assim, de acordo com a simplicidade do amor e com os ditames da verdade, plasmando o bem por onde transites, sem olvidar os tesouros do tempo, de vez que o mal em nosso espírito, ainda mesmo quando estejamos libertos da algema física pela graça da morte, será sempre o inferno que não nos permitirá viver o Céu nos Céus.

(Do livro "Semeador Em Tempos Novos", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

A transmutação da água em vinho

Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento.

E tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais vinho!

Mas Jesus lhe respondeu: Mulher, que tenho eu com isso? Ainda não é chegada a minha hora!

Então ela falou aos serviçais: Fazei tudo o que ele vos disser. Estavam ali seis talhas de pedra que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas.

Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente. Então lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-sala. Eles o fizeram.

Tendo o mestre-sala aprovado a água transformada em vinho, não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serviçais que haviam colocado a água, chamou o noivo, e lhe disse: Todos costumam servir primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora.

Com este deu Jesus princípio a seus sinais, em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disso desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

     Nesta oportunidade, Jesus, sabendo que não havia chegado o momento propício, ainda queria manter segredo sobre seus poderes. A transmutação da água em vinho foi o primeiro milagre de Jesus, nas bodas de Caná, passagem onde se registra o amor e o respeito de Jesus por Sua Mãe, atendendo ao pedido de Maria e realizando um milagre antes da hora prevista pelo Pai Celestial, conforme nos relata João.

     Vale observar que uma metreta eqüivale a 29 litros e o tratamento de “Mulher”, na resposta de Jesus à Sua Mãe, era, na época, uma forma de afetuoso respeito. Neste primeiro fenômeno, Jesus simplesmente aplicou seu poder de transmutação, que é a modificação provocada pela alteração do padrão vibratório, para mais ou para menos elevado, na estrutura de um ser, em qualquer dos três reinos da Natureza, modificando sua composição atômica.

     Foi pela ciência da transmutação que se erigiram os grandes monumentos de pedra, até hoje contemplados em sua magnificência e com técnica não desvendada pelos pesquisadores: os Tumuchy conheciam profundamente a transmutação, e faziam a areia virar água e virar pedra, bem como transmutavam o metal comum em ouro e em prata.

     A tão ambicionada Pedra Filosofal, procurada por cientistas e magos devido a seus efeitos de transmutar metais comuns em preciosos, nada mais é do que a Ciência da Transmutação.

     Atualmente, em nossa Corrente, a correta manipulação de forças gera efeitos de transmutação, causando a ocorrência de grandes fenômenos curadores pela alteração da composição química do organismo humano, levando ao equilíbrio, no plexo físico, da área vibracional, acertando cada uma das células que já estavam desorganizadas por agentes desestabilizadores, causadores da doença.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA (1; 19-34)


Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu?

Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.

Então lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias?

Ele disse: Não sou.

És tu o profeta? Respondeu: Não.

Disseram-lhe, pois: Declara-nos que és para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo?

Então ele respondeu: Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. E perguntaram-lhe: Então porque batizas se não és o Cristo nem Elias, nem o profeta?

Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas no meio de vós está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias.

Estas coisas de passaram em Betânia, do outro lado do rio Jordão, onde João estava batizando.

No dia seguinte, João viu Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: Após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água.

E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espirito Santo. Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.

É interessante ver como os espíritos de Luz se submetem às leis, como no caso de João Batista, em que a passagem pelo sono cultural lhe deixou esquecido de suas vidas anteriores, pois, na realidade, ele fora Elias. Também era preciso não revelar este fato, embora os hebreus tivessem uma tradição que dizia poder um homem retornar à vida na Terra para completar uma obra interrompida pela morte. Mas os espíritos que assistiam o profeta consideraram mais prudente manter o segredo, porque os sacerdotes e os levitas duvidariam, embora esperassem a volta de Elias.

João Batista usava a água para batizar aqueles que haviam se arrependido de suas faltas e, pelo gesto simbólico do batismo, lavavam seus corpos e limpavam seus corações. Diante do profeta, pediam a purificação de seus plexos físicos, que se refletiria em seus espíritos, levando-os ao amor e à caridade.

Quando João Batista encontrou Jesus, viu que estava ante aquele a quem havia anunciado – o Filho de Deus – porque teve a visão do Espírito Santo, como uma pomba, descendo sobre Ele. E chamou Jesus de “Cordeiro de Deus” porque, entre os hebreus, o cordeiro imaculado era oferecido em sacrifício, na cerimônia de propiciação.

O profeta sabia que Jesus representava o cordeiro a ser sacrificado na cruz, propiciando à humanidade condições para resgatar suas vidas e fatos transcendentais que conduziriam à evolução dos espíritos. Evolução é o desenvolvimento progressivo que se faz nos três reinos da Natureza, na Terra. O processo evolutivo terrestre foi alterado em algumas eras, e continua sofrendo interferências, sempre que isso for necessário para a Humanidade, por parte dos Grandes Mestres.

Na era dos Equitumans, por exemplo, houve um súbito desaparecimento dos grandes animais, como mastodontes e dinossauros, causado por ações dos Capelinos.

Na atualidade, segundo Amanto, há muitas regiões da Terra, distantes da civilização, onde estão acontecendo fatos extraordinários ligados à modificações da vida animal. Em cada plano de vida – revela Amanto – existe sempre uma interferência dos planos espirituais, sempre visando o aperfeiçoamento das condições do planeta, de acordo com a predominância de seus respectivos planos – físico, psíquico e espiritual.

O Vale do Amanhecer é a presença da mão de Deus, possível numa região onde existe a hegemonia psíquica, com tendência à espiritual, o que torna possível a ação dos Grandes Mestres dos Planos Divinos. A evolução de um espírito se faz através dos milênios, onde, por sucessivas encarnações, consegue sua espiritualização crescente, agindo, reagindo e interagindo com o Universo, buscando o retorno à sua origem.

O Homem evolui de duas maneiras: por meio de seus próprios infortúnios – a mais eficaz – ou através dos alheios – a mais penosa. O Jaguar procura chegar a Capela, e numa jornada de mais de trinta mil anos, caindo, levantando, vibrando, chega, finalmente, ao limiar da Nova Era, numa marcha evolutiva que teve que enfrentar guerras, lutas, ódios, perseguições, para se conscientizar de suas forças, para aprimorar seus conhecimentos e, entendendo melhor a si mesmo e ao mundo que o envolve, enfrentar seus reajustes e cobranças, sempre atuando plenamente com amor, tolerância e humildade. Aprendeu a usar sua mediunidade para trabalhar na Lei do Auxílio, mas sabe que, pelo seu trabalho espiritual, apenas tem merecimento e alívio cármico. Sua evolução vai depender de sua expansão para planos mais elevados, despertando suas qualidades inatas e liberando suas latentes potencialidades, fazendo com que se modifique internamente, naturalmente dominando seus impulsos para cometer erros.

Por isso, nossa evolução não depende de nossas ações, mas sim de nossas reações – especialmente de nossa humildade - diante de atos e fatos proporcionados por nossos irmãos encarnados e desencarnados, destacando-se os casais e as famílias físicas, onde os choques são comuns e profundos. Desde aquele remoto momento em que recebeu seu plexo iniciático, o médium do Amanhecer evolui, em sua passada irregular, mas sempre confiando que, com suas ações, pode mudar seu destino cármico e evoluir.