B E R L I N D A
Manoel Monteiro
... E na roda, em voz baixa, alguém dizia assim:
- Vocês viram, de fato?
Nunca vi companheiro tão mesquinho
E nenhum tão ingrato!...
Obsessão, ali, domina em cheio,
Homem que não entende, nem perdoa,
Sobretudo, é sovina inveterado,
Uma pedra em pessoa!...
E, noutra roda, alguém asseverava:
- Ela, coitada, em tudo é doida e cega,
Intrigante, orgulhosa, sem juízo,
Um poço de vaidade que trafega...
Onde aparece é flor que não se cheira,
Brasa que a gente vê mas não atiça,
E, além dos desmanteles que provoca,
É um retrato acabado da preguiça!
Quantas vezes entramos no barulho
De coração simplório e desatento,
Tão-só comprando o peso do remorso
E a sombra triste do arrependimento!...
Ante as rodas que falam sem proveito,
Guarda em silêncio e prece a própria voz...
Hoje, os outros padecem na berlinda,
Cuidado! que amanhã seremos nós!...
(Do livro "Seguindo Juntos", pelo Espírito Manoel Monteiro, Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário