sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CASAIS (parte 1)




CASAIS (parte 1)

Uma das consequências do carma  é a união de duas pessoas. 
Em Eclesiastes (IV, 9 e 10) nos foi dito: “Melhor é serem dois do que um, porque se um cair o outro levanta seu companheiro!”.
Nossa jornada, nesta e em outras encarnações, sempre é marcada pelas lutas, pelas provações. Isolado, o Homem é muito vulnerável, e por isso é necessário ter o apoio de outra pessoa. Acompanhado, partilhando e compartilhando os bons e os maus momentos, o Homem enfrenta seus desafios, torna-se mais difícil abater seu ânimo.
Em Mateus (XVIII, 18 a 20): “Tudo o que ligardes sobre a Terra será ligado também no Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu. Se dois de vós se unirem entre si, na Terra, seja qual for a coisa que pedirem, meu Pai, que está no Céu, lhes dará, porque onde se reunirem duas ou mais pessoas em meu Nome, aí estarei Eu no meio delas!”.
Assim, uma ligação baseada no amor, é feita na Terra e no Céu. Se não houver amor, certamente essa união será feita somente no plano físico. Quando uma ligação se faz por amor  é uma grandeza para todos que dela participam - o casal, seus filhos, sua família, pois representa a perfeita união entre dois espíritos, diminuindo consideravelmente o carma do casal. Quando não têm por base o amor, são exclusivamente ligações no plano físico, são fruto apenas da paixão - um sentimento arrebatador que dura pouco e se acaba - ou do interesse material, isto é, pela cobiça, pela ambição ou pela vaidade. Embora uniões no plano físico, elas repercutem no espírito, aumentando os compromissos cármicos daqueles que se envolvem numa situação dessas. São penosas, atormentadas, gerando agressões, violências e todas as formas de desequilíbrios.
Quando dizemos que são apenas no plano físico é porque, mesmo que tenham recebido aparentemente uma consagração em alguma religião, elas não se efectivaram nos planos espirituais, pois a Espiritualidade, sabendo as intenções daquelas pessoas, não faz aquela consagração. Por isso, sua dissolução não tem qualquer problema além das formalidades legais do plano físico.
A união feita nos planos físico e espiritual é mais séria, pois envolve dois espíritos que pediram, nos planos de suas reencarnações, essa oportunidade de se encontrarem para se reajustar um com outro. Este tipo de união - por reajuste - gera momentos difíceis, de dura provação, que devem ser superados com amor e tolerância, e, na maioria dos casos, é ajudada por filhos, missionários encarnados, que participam daquele reajuste cármico.
Segundo o Dalai-Lama, “A maioria das pessoas não percebe como um casamento é crucial. Um louco amor não é o suficiente. Num casamento de verdade, o casal deve basear o amor não só na atração mas, também, na mútua compreensão e genuíno respeito, arraigados numa apreciação da qualidade de ambos. Um senso de compromisso e de responsabilidade seguir-se-á naturalmente. Um relacionamento fundado nesses elementos pode proporcionar um casamento verdadeiramente feliz que, provavelmente, durará muitos anos, ou até por toda a vida.”
O casal é a célula da família e, por isso mesmo, são muitos os aspectos cármicos que envolvem duas pessoas que se unem. Menos conflitantes são as uniões de almas afins e de almas gêmeas. A união entra em crise quando, por qualquer motivo, o casal entra em desequilíbrio. Um passa a vibrar no outro, esquecidos das responsabilidades, dos seus compromissos, formando gigantesco círculo de más vibrações que atingem aos que os rodeiam, gerando conflitos, agressões físicas e morais que vão crescendo, de forma cada vez mais violenta, até o rompimento final, a separação (*). Segundo Kardec, “É mais humano, mais caridoso e mais moral, restituir a liberdade a seres que não podem mais viver juntos, do que mantê-los unidos.”
Por isso é importante que o casal cuide de seu relacionamento, entendendo que cada um tem seu compromisso com o outro, que aquela união é de responsabilidade dos dois, e que há de pesar a conseqüência de uma separação naquele que não souber reequilibrar a união, que não soube ser tolerante nem compreensivo para com o outro que estava, na maioria das vezes, sucumbindo às vibrações de ódio e de inveja, que o atingiram por estar com baixo padrão vibratório.
Vamos entender que ninguém pode realizar o Eu do outro e, sim, o seu próprio. E este é o caminho, porque quem se realiza e se torna bom, passa a fazer bem ao outro e encontra sua auto-realização, beneficiando aqueles que estão junto a si.
Quando o respeito, o amor, a confiança e o equilíbrio desaparecem em uma união, surge a solidão, situação em que o homem ou a mulher se torna frágil, carente de afeto, e é aproveitada pelos cobradores, encarnados e desencarnados, para criar ilusões e recalques. Mostram belos caminhos, floridos, tranqüilos - puras visões -, que levam a profundos abismos!
É preciso entender que os problemas surgem para nos testar, e a convivência nos torna mais sensíveis, fazendo com que empreguemos toda nossa habilidade na sua resolução, com o mínimo de desgaste e sofrimento. Geralmente, no início de uma relação, ambos pensam se amar em face dos sentimentos que externaram um para o outro. Juntam suas vidas e passados os primeiros tempos de convivência, as actividades do dia-a-dia vão fazendo com que se distanciem, deixando de dar amor um ao outro, esperando primeiro a manifestação de amor do outro. Começa o distanciamento e a solidão.
Mas isso pode ser evitado se houver um cuidado para que a convivência não se deteriore, para que seja mantida uma linha de conduta que ajude, no dia-a-dia, a manter acesa a chama do amor, sem criar uma rotina destrutiva:
Compartilhar as alegrias e as dificuldades, usando sempre a sinceridade;
Falar com tranqüilidade, sem agressões nem irritação, e saber ouvir com muita tolerância tudo o que houver a ser dito, quando surgirem problemas a serem resolvidos;
Saber desculpar sem julgamentos ou preconceitos atitudes e comportamentos que não são usuais, porque podem decorrer de influências vibracionais não detectadas pela sensibilidade de nós, encarnados, e não há como querer ser um juiz em nosso lar;
Aplicar toda a atenção e cuidado em bem definir sua atuação no mundo encantado que é o lar, compreendendo que cada um que ali habita abriga um espírito em evolução, diferenciado, que não deve ser assediado com questionamentos ou reclamações;
Planejar seu tempo no lar, gerando as oportunidades para diálogos com a família e, especialmente, demonstrar o afecto e a alegria de poder estar junto a ela, participando ativamente dos problemas, das preocupações e dos projetos de vida de cada um;
Criar, para o casal, condições de ter momentos de intimidade plenos de alegria e satisfação, em que o prazer sensual se faça presente, gerando bem-estar e harmonia pela ativação da Kundalini.
Nos momentos de solidão é que estamos entregues a nós mesmos, prevalecendo o que queremos fazer, muitas vezes levados apenas por sentimentos de vingança contra aquela pessoa que nos fez sofrer.  Sabemos que a Espiritualidade não vai nos dizer como agir. Contamos, somente, com nossa consciência, com nossa bagagem doutrinária, com nossos sentimentos.
O amor elimina o exercício do poder entre os casais, desaparecendo a opressão e estabelecendo a perfeita harmonia de idéias, de compreensão e de ação. Quando não se consegue este clima, surge o sofrimento e o baixo padrão vital.
O casal, para diminuir os atritos e tensões deve agir no sentido de:
falar e resolver as questões que incomodam um ao outro, pois muitos atos naturais de um, sem intenções, podem ser interpretados, pelo outro, como agressões ou falta de sensibilidade;
ter tolerância e humildade, entendendo que, geralmente, os atos e palavras de um reflectem o estado de espírito do outro, pelo ambiente vibratório que se cria;
buscar analisar os acontecimentos de forma isenta de sentimentos de ciúme e frustrações, que deformam a realidade das coisas;
superar sentimentos de rejeição e isolamento, buscando ser uma presença alegre e amável, lembrando que é dando que se recebe, e amando que se é amado;
cada um deve buscar amar o outro de forma simples e sem preconceito, amando a si mesmo e conhecendo seus próprios sentimentos e limitações.
E sabemos que seremos os únicos responsáveis pelo que fizermos, pelas consequências de nossos atos, pelos caminhos que escolhermos.
Geralmente, buscamos a perfeição em outra pessoa, criando uma imagem ideal que se distancia da realidade, uma vez que somos todos humanos e, por conseguinte, temos nossos defeitos e limitações que precisam ser clara e humildemente reconhecidos, não só por nós mesmos como por aqueles que nos amam.
Uma grande parte das separações se deve a essa fantasia que é feita em relação àqueles que se tornam objecto de uma utopia, por parte de seu companheiro ou de sua companheira, e não suportam a visão realista daquelas personalidades e individualidades. Aprendemos que tolerância, humildade e, sobretudo, amor - são as bases sólidas para qualquer convivência.
O aspecto dos problemas que surgem por conta do ciúme deve ser examinado com muito cuidado e atenção, porque pode decorrer de experiências vividas na infância de uma pessoa. Frustrações do passado podem surgir como forma de certa possessividade em relação ao parceiro, transformando-se em paranóia. O ciumento é vítima de uma baixa auto-estima, vendo no provável rival qualidades superiores às suas. Isso acontece com as mulheres que vêem em outra uma rival mais jovem e mais bonita, avaliando valores estéticos, enquanto os homens avaliam situação financeira e posição social, além da capacidade sexual de seu possível rival. Mas tudo pode ser encarado e resolvido com amor e franqueza, numa conversa serena e harmoniosa.
Se um casal se forma e permanece unido pelo amor puro das almas gêmeas, sua união permanece além da morte física, pois, nos planos espirituais, formam sua família espiritual, que fazem suas jornadas através das reencarnações, nem sempre juntas nos planos físicos, mas sempre se reunindo no etérico após a libertação de seus plexos físicos, unidos pelos laços do amor.

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