A PRIMEIRA VIAGEM AO TIBETE - 01-01-1961
Salve Deus!
Até aquele momento eu era alguém de difícil entendimento para com os outros e para comigo mesma. Talvez, pela dor provocada pelo drástico desenlace na minha vida, meus tumultos não cessavam nunca. Sempre me sentia como um rio que transborda do seu leito e vai extravasando, empurrando a margem, derrubando as paisagens, profetizando desavenças, dúvidas e afirmando, também, o Espírito da Verdade, porém, muito derrubando por terra, levando à dor pela visão transtornada. Tudo que estava escrito, tudo que saia de mim, tinha esse tumulto errado.
A minha insegurança ou falta de amor me fazia perigosa, indesejada, pelas constantes revelações trágicas que faziam sofrer a mim e aos outros. Essa tristeza revelava melancolia e essa coisa esquisita que se vinha comprimindo dentro de minha mente atormentada, dizia, também, que já era tempo de mudar o caminho.
Resolvi, então, partir para o meu objetivo, sentir, realmente o canto que do céu me chegava aos ouvidos. Obedeci meu pai Simiromba, rumei aos montes do Tibete, onde ouvi o primeiro canto universal do velho incansável Humarran, mestre querido, que no seu aposento em Lhassa, me deu o que eu jamais pensei em receber: me ensinou a viagem para estar com ele, me ensinou o sentido comum da vida fora da matéria. Em suma, tirou a seqüela que me fazia amaldiçoar a vida obscura e dolorosa.
Era primeiro de janeiro de 1961!
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