terça-feira, 1 de março de 2011

Chico Xavier...





Chico Xavier...

Chico Xavier é mesmo uma criatura adorável. Assim nos recebe, e põe
logo à vontade e desconstrange, fazendo crer que somos velhos amigos,
irmãos muito chegados ao seu coração. Tivemos vontade de ficar a vida inteira
a ouví-lo, a conversar com ele, tanto bem-estar nos dá e nos proporciona.
Conta-nos os primeiros Lindos Casos de sua infância, ao lado da progenitora,
um coração grandioso de mulher, um exemplar edificante de verdadeira mãe.
Foi seu amparo, seu anjo tutelar até os 5 anos de idade, quando desencarnou,
deixando-o órfão. Aí começaram os primeiros sofrimentos, que lhe burilaram a
alma, preparando-a para o cumprimento de sua grandiosa Missão. Dos 5 aos 7
anos, foi confiado a uma mulher obsidiada, (ele diz que foi sua Educadora) que
o surrava três vezes por dia. Tão obsidiada que lhe aplicava garfos ao ventre,
ferindo-o bastante, daí provindo uma chaga que lhe deu longo sofrimento. Tão
obsidiada que o fêz lamber a ferida de um sobrinho, porque lhe disseram que,
com esta “SIMPATIA”, o rapaz ficaria curado, como de fato ficou.

Numa tarde, foi chamado à casa do pai, que se casara pela segunda vez
com uma mulher muito meiga e por isto, bela, afirma o Chico. Inspirada, talvez
pela falecida genitora do humilde médium, essa senhora impõe uma condição
ao casamento: que o pai do Chico reunisse de novo os filhos, a fim de que ela
os acabasse de criar. E Chico, quando se viu à frente dessa criatura, quando
soube do seu nobilitante gesto, quando sentiu no pescoço a carícia de seus
braços carinhosos, não se conteve, beijou-lhe sentida e gratamente a barra da
saia e votou-lhe, daí por diante, intensa e sincera amizade de verdadeiro filho.
Em correspondência a esse afeto, essa segunda mãe o ensinou a orar, a sentir
Deus, a achar bela a vida, a trabalhar e a procurar ser útil aos outros. Contava
17 anos e era feliz, quando a segunda mãe, de repente, adoece e desencarna,
tendo-lhe antes feito prometer, à beira do leito, tomar a si o encargo de
continuar com a casa e não permitir que fossem os irmãos, novamente,
entregues a estranhos. E assim fêz. Empregou-se. Ganhava 60 cruzeiros por
mês. Era pouco, mas com Deus era muito; dava para as despesas e ninguém
passava fome. Todos viviam satisfeitos. Aprendera a cozinhar e, auxiliado por
uma irmãzinha, conservava em dia o expediente do lar. Ganhava corpo, neste
ínterim, a sua preciosa mediunidade. Recebe o “PARNASO DE ALÉMTÚMULO”; torna-se conhecido no Brasil e mundo afora. Seu patrão, dono de
um pobre armazém de secos e molhados, local em que foi planejado o16
“CENTRO ESPIRITA LUIZ GONZAGA”, começa a ser perseguido, porque
diziam, abrigava um “FEITICEIRO”, que falava com os Espíritos, e, tempos
depois, acabou falindo, caindo em extrema pobreza, precisando esmolar para
viver... E Chico, também desempregado, sofre com isso e procura novo
emprego numa fazenda distante dois quilômetros de “Pedro Leopoldo”,
pertencente ao Ministério da Agricultura, e onde está até hoje. Outros muitos
Casos, Casos Lindos, nos vai contando o Chico, estimulado pela nossa
emoção e pelo nosso interesse. Sentimos não poder guardá-los todos, tão
belas lições nos oferecem. Fala-nos da morte de seu querido mano José, que
presidia o Centro na sua própria casa, e que lhe deixou “DIVIDAS”, todas elas
pagas por uma verdadeira “AJUDA DO ALTO”; da obsessão de uma parenta,
das graças que recebeu e da morte de seu segundo irmão, Raimundo; do
progresso de sua mediunidade, dos livros mediúnicos, recebidos em prosa e
verso, crônicas, mensagens, romances, contos, reportagens, sobre ciência,
filosofia e religião, um acervo imenso e verdade, até que chega o ano de 1940
e adoece gravemente, sentido-se “IN EXTREMIS”. Para mais o entristecer, o
ex-patrão desencarna na miséria, sem ter sequer um caixão para ser
enterrado. Chora o Chico e realiza um dos seus grandes gestos de gratidão e
de humildade, coisa que surpreende e emociona todos os pedroleopoldenses.
Quer sentir o que seu ex-patrão “SENTIU”, quer lhe prestar, ao menos, essa
homenagem. E vence, pois vai de porta em porta “ESMOLAR” dinheiro para
ENTERRAR o velho “PATRÃO” e amigo. Até um cego, sabendo do acontecido,
procura-o e lhe dá tudo quanto recolhera. Este Caso, contado com todos os
pormenores, emociona, tão expressivo ele é, revelando-nos ao vivo a alma
humilde e boa do abnegado médium...

Extraído de "Pedagogia espírita"

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