O AMANHECER DAS PRINCESAS
NA CACHOEIRA DO JAGUAR
Capitulo I
Salve Deus!
Meu filho Jaguar:
De todos os males, o mais triste que deixamos em nossas passagens
é a cicatriz de nosso mau comportamento. Quando estamos na Terra vivemos
seguros no orgulho, principalmente no egoísmo.
Muitas vezes sentimos necessidade de chorar, de sorrir, de amar;
ou melhor, pensamos em ser amados,mas nunca desejamos amar
incondicionalmente para melhor atrairmos ao nosso favor...Não! pelo
contrário, exigimos de alguém o que nos convêm, sem queremos oferecer
nada em troca.
Salve Deus meu filho! Vamos sentir a vida das Princesas e melhorar
o nosso comportamento a respeito do amor.
Sim, as crioulas Princesas em 1700 no Brasil Colônia, anunciavam o
seu tempo de evolução nas senzalas, a dor no destino cármico de um
povo em desenvolvimento.
Então, tudo começou vibrar quando os dois grandes missionários,
Pai Zé Pedro e Pai João, resolveram agir no campo vibracional de nossa
missão, com este imenso amor ouvindo e sentindo o céu, nos poderes de
Vô Agripino que emitia aos mesmos toda luz do santo evangelho.
Aos 14 anos Pai Zé Pedro e pai João, que regulavam em idade,
vieram no mais triste quadro em um navio negreiro para o Brasil. Eram
duas personalidades com idéias transcendentais traçadas do céu...
Então estes dois espíritos levaram em frente a sua obra; se
prepararam nos planos espirituais e vieram para a Terra cumprir a sua
missão, que seria em nossa última orientação a nova estrada do Jaguar na
linha do amanhecer.
Vendidos por navios negreiros no Brasil, por Deus se encontraram
pela força do seu compromisso no Sul da Bahia, onde a forte e verdadeira
mensagem os impulsionava. Então, juntos desenvolveram as suas faculdades
mediúnicas. O senhor Pai Zé Pedro era um homem muito bondoso, que
ouvia o Grande Africano e amava as suas palavras. Chegando a se converter
comprou também Pai João, deixando-os fazer na senzala o que lhes
aprouvesse.
E tudo começou assim:
- Eram seis fazendas reunidas onde Jurema e Juremá as gêmeas,
eram muito queridas por toda aquela redondeza. Sua graça e beleza
demostravam “herança transcendental” de Atlezas. “SIM, O HOMEM NÃO
SE PERDE SE REENCONTRA”. Então, a grandeza dos Missionários se fazia
projetar por toda aquela região. Toda redondeza se juntava ali em busca
da caridade. Era tão crua de senhores tão arrogantes, pudessem eles admitir
tanta liberdade. Pai João pregava a Doutrina do amor aliviando o chicote
dos senhores. Pai Zé Pedro tocava os tambores para alertar o seu povo em
outras fazendas vizinhas de Iracema, Jandaia, Janara e Iramar, contando
também com Janaina, pequena sinhazinha que muito amava os NAGÔS,
segundo se falava naquela Era. Eram jovens com apenas 18 anos, que
sofriam as incompreensões de suas sinhazinhas, as perseguições e seduções
dos seus senhorzinhos. Era uma desdita naquele tempo o que sofriam
essas escravas missionárias, porém, na senzala de Pai Zé Pedro tudo ia
muito bem, vinha gente de longe e as curas se realizavam com tanto amor
a ponto de se propagar o africanismo com a sua presença.
Era o dia de Jurema e Juremá, a luta surgia no céu prateada, os
tambores ressoavam. Jurema em pé na soleira da sua senzala vibrava cheia
de amor, esperando Jurema, e sua mãe. De repente um crioulo que também
fazia parte do corpo mediúnico,disse tremendo de dor: - Oh! Jurema tua
mãe não irá conosco. Aumentou a filha da sinhazinha com febre a febre
passou para a nenezinha.
- Cadê mamãe?- Tua mãe Jurema, está no tronco.- Oh! Coitadinha.
Oh! Meu Deus! Gritou Jurema e segurando no portal da senzala sentiu o
seu espírito se transportar seguindo até as ruínas de Pompéia. Jurema em
sua visão se sentiu uma rica princesa entre sedas e jóias. A sua irmã e
também todos aqueles crioulos da senzala, a negra que hoje era sua mãe,
ridicularizavam uma jovem escrava , hoje a sinhazinha da senzala. Jurema
compadecia da jovem que até então era uma visão, se esqueceu da tragédia
que na realidade estava acontecendo. Não! Ela não via a sua mãe no tronco
que era realidade. Via somente a jovem escrava arrastada e ridicularizada,
onde todos vaiavam chegando mesmo a machuca-la e em meio desta
alucinação começou a gritar: - Juremá, volte minha mãe! Saiu então decidida
para o Congá. Chegando contou tudo o que se passava a Pai João e ele lhe
explicou:
- Filha não chore, não se desespere! Eu, você, sua mãe e todos os
seus irmão vivíamos na mais rica vida em Pompéia. Eu era Procurador, ZÉ
Pedro era Imperador e todo este povão estava lá. Só Deus sabe minha
Jurema os desatinos, as tragédias que provocamos naquele Império.
Fizemos a mais terrível escravidão. Hoje filha querida, Deus nos deu esta
oportunidade de pagar todo este mal. Esta pequena sinhazinha é o espírito
da jovem escrava de Pompéia.
- Então Pai João, como tudo terminou? Pai João colocando a mão
em sua cabeça disse:
- Dorme filha, dorme Jurema. Deitada com a cabeça no colo de
Pai, João adormeceu dizendo baixinho: - Oh: meu fidalgo Centurião, como
pôde me abandonar neste caminho tão espinhoso! Onde vives que eu não
posso te alcançar? Sim meu Fidalgo, continue acariciando os meus cabelos
que ficaram tão longos... Nisto um grito e ela se levantou decidida - Não
voltarei para minha senzala, vou me embora daqui! Com muito custo Jurema
consegui se acalmar. Os tambores recomeçaram, mas Jurema pensativa
não saiu do seu lugar. Pai Zé Pedro iniciou os trabalhos e veio se sentar
perto dela e de Pai João. Jurema segurou em suas pernas depois apoiou
novamente sua cabeça na perna, de Pai João que ali não sentia com coragem
de se levantar. – Jurema minha filha (disse Pai Zé Pedro) – Choras pela tua
mãe? – Não Pai, choro porque vi e perdi o meu amor AGRIPA, o meu amor.
Eu o vi acariciar meus cabelos e passando a mão na cabeça meio sem graça
disse: - Oh! Paizinho Nagô, é tudo tão diferente... – Sim filha, se acalme!
Eu vou lhe mostrar onde e como se encontraram. – Não Pai, não quero! Se
ele for aquele crioulo feio do Japuacy, não quero! – Ele não está aqui como
vocês estão, todos nós estamos, e ele não pode, não admito que seja feio
como nós. Os dois deram uma risada. Meio preocupado disse então Pai
João: - Veja no que dá a clarividência de uma pobre jovem. Ela voltou a
dormir. Pai Zé Pedro e Pai João vibravam preocupados. O que fazer? Levala
para a Cachoeira do Jaguar? Deus todo poderoso, só ele poderá traçar
este destino... E ali ficaram esperando a jovem despertar, para decidir o
seu destino que tanto se agravara.
Sim meu filho Jaguar, na próxima semana Jurema já estará
despertada, então saberemos do destino feliz desta tribo e com cuidado,
vamos nos encontrar como personagens desta história, que até então é um
pequeno roteiro.
A mãe em Cristo.
Vale do Amanhecer, 08 de dezembro de 1979.
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