sexta-feira, 24 de junho de 2011

Carta do Chefe Seattle





Carta do Chefe Seattle para o Presidente dos Estados Unidos Francis Pierce - Washington, 1855

"Como podeis comprar ou vender o céu, o mormaço da terra? A idéia não tem sentido para nós. Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis querer comprá-los? Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo. Qualquer folha de pinheiro, a areia da praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, o canto dos pássaros, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo. A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu nascimento, quando vão pervagar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é a Mãe do homem vermelho. Somos parte dela e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os antílopes, os cavalos, a majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e do homem, tudo pertence a uma só família.

Assim quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos colocará em uma "reserva" onde possamos viver por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós.

A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos Ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de lembrar a vossos filhos que ela é sagrada, e que os reflexos do sol sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fases da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos nossos Ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a vós, deveis vos lembrar de ensinar a vossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então, dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.

Nós sabemos que o homem branco não compreende nosso modo de ser, o qual chamam de selvagem. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que necessita. A terra não é sua Mãe, mas sua inimiga, depois que a submete a si, que a conquista, que a esgota, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova de seus pais é a herança de seus filhos, ele os esquece.

Trata sua Mãe, a terra, e seus irmãos animais, o céu, como coisas a serem compradas ou roubadas, como se fossem as peles de carneiro contaminadas com varíola ou as contas sem valor, que trazem para nós. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos. Isso, eu não compreendo. Nosso modo de ser, chamado por vós de selvagem, é completamente diferente do vosso. A visão de vossas cidades faz doer os olhos do homem vermelho.

Talvez seja porque, como vocês dizem, o homem vermelho é um selvagem e como tal, nada pode compreender.

Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio e paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto.

Talvez seja porque, como dizem, sou um selvagem e não posso compreender.

O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja, o uivo dos lobos ou o coaxar das rãs à margem dos charcos de noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento tocando a superfície das águas do lago, ou a fragância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume dos pinhos.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição ele é insensível ao mau cheiro. Mas se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que vossos avós inspiraram ao primeiro choro, foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.

Se vendermos nossa terra a vós, deveis conservá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada pelas flores dos bosques.

Assim consideramos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condição: O homem branco terá que tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Como dizem, sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de Búfalos apodrecerem nas pradarias, deixados lá pelo homem branco, que neles atira de um trem em movimento. Sou como dizem, um selvagem e não compreendo como a fumegante serpente de ferro possa ser mais importante que o Búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos.

Que será dos homens sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de solidão espiritual. Tudo isso irá afetar o homem, estamos todos relacionados.

Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza as cinzas de nossos Ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é enriquecida pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinais aos vossos filhos o que ensinamos aos nossos: Que a terra é a nossa Mãe. Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo. De uma coisa nós temos certeza: A terra não pertence ao homem branco. O homem branco é que pertence à terra. Disso nós temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado. O que fere a terra fere também os filhos da terra.

O homem não tece a teia da vida. É antes um de seus fios. O que quer que faça à essa teia, faz a si mesmo. Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como um amigo, não pode fugir a esse destino comum. É... apesar de tudo, somos todos irmãos.

De uma coisa sabemos e talvez o homem branco venha a descobrir um dia: Nosso Deus é o mesmo Deus. Podeis pensar hoje que somente vós o possuis, como desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homen e sua compaixão é igual tanto para o homem branco, quanto para o homem vermelho.

Esta terra é querida dele, e ofender a terra é insultar o Criador. Os brancos também passarão, talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai vossa cama, e chegará uma noite, na qual vos sufocareis no meio de vossos próprios excrementos.

Mas em nossas visões, brilhareis alto, iluminado pela força do Deus que voz trouxe a esta terra e por que algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último Búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo fedor do suor dos homens brancos e a visão das grandes colinas bloqueadas por fios falantes.

Onde estão as florestas? Desapareceram. Onde está a Águia? Desapareceu. Será o fim do viver e o início do sobreviver. "

Mitakue Oyassin
Chefe Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington

segunda-feira, 6 de junho de 2011

TRABALHANDO





TRABALHANDO

 Emmanuel

      
Quando estudamos a lição dos trabalhadores da última hora, nas páginas divinas do Evangelho, recordamos que, realmente, trabalhando, é possível alcançar todas as realizações que nos propomos atingir.

Trabalhando, o coração empolgado pelo desânimo, pode converter, de imediato, as trevas da amargura em claridades imperecíveis de alegria e esperança.

Trabalhando a criatura frágil, se fortifica, pouco a pouco, dominando o campo em que respira, vive e cresce.

Trabalhando, a mente atacada pelo veneno do ódio ou da desesperação, encontra recursos para compreender as próprias lutas, com mais clareza, aprendendo a transformar revolta e fel em paciência e perdão.

Trabalhando, a alma isolada pela discórdia, pode surpreender a abençoada luz da harmonia e da paz, depois de longas noites de conflito e agonia.

Trabalhando, o mau se faz bom, o adversário se transforma em amigo, o infeliz atinge a casa invisível e brilhante do eterno júbilo.

Guardemos a palavra de Jesus e trabalhemos sempre na extensão do bem.

O livro ou o tribunal, a enxada ou a semente aguardam nossos braços, tanto quanto os sábios e os ignorantes esperam por nossa cooperação cada dia.

Fujamos às sombras densas e guerras escuras do nosso próprio “eu”, devotando-nos ao serviço de Deus, na pessoa e nos círculos dos nossos semelhantes.

Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.
         
Um anjo que se ponha a dormir num vale, tentado pelo perfume das flores efêmeras, pode repousar indefinidamente nas trevas, enquanto que o aleijado que se disponha a arrastar-se, sangrando o corpo e cobrindo-se de suor, na subida do monte, pode alcançar a glória do cimo e banhar-se de sublimes clarões, antes dos que dormem, com a graça divina da gloriosa alvorada...

Os últimos serão os primeiros- disse o Senhor!
         
Em verdade, será difícil a compreensão de semelhante ensino para a nossa lógica habitual, entretanto, se vives servindo, compreenderás que o trabalho realmente pode operar o divino milagre.

De "Alma e Luz", de Francisco Cândido Xavier

REINO DE DEUS





REINO  DE  DEUS

Emmanuel

Se aspiramos conquistar o Reino de Deus, recordemos Jesus que no-lo revelou, conjungando “dizer” e “fazer”.
Ensinou o Divino Mestre:

“Faze aos outros o que desejas que os outros te façam”.
E viveu para os outros, sem nada exigir.

“Dá a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
E, respeitando as autoridades constituídas no mundo, dedicou-se integralmente aos interesses do espírito.

“Quem se humilhar será exaltado”.
E ninguém se apagou até hoje quanto Ele para que a Infinita Bondade se destacasse.

“Quem procura ser o maior seja o servo de todos”.
E, nas mínimas circunstâncias, colocou-se invariavelmente no lugar de quem serve.

“Não saiba a tua mão esquerda o que dá a direita”.
E ouvido algum jamais lhe escutou qualquer expressão de elogio a si mesmo.

“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que lhe sai do coração”.
E banqueteou-se com criaturas consideradas desprezíveis, acordando-lhes o sentimento para a realidade superior.

“Ao que te peça mil passos, caminha com ele dois mil”.
E fez-se entre os homens inimitável modelo de tolerância.

“A quem te rogue a capa, cede também a túnica”.
E deu-se constantemente ao próximo, consagrando-lhe a própria existência.

“Ama aos teus inimigos”.
E suportou, em silêncio, as forças das trevas que o situaram em aparente derrota.

“Ora pelos que te perseguem e caluniam”.
E aceitou a flagelação injusta, exorando perdão em favor dos próprios carrascos, no suplício da cruz.

Não precisas aguardar revelações estranhas e nem fenômenos espetaculares para surpreender as maravilhas do Reino de Deus.

Nem catástrofes cósmicas.

Nem convulsões da natureza.

Nem Terra fulminada.

Nem céus abertos.

Tudo pode alterar-se, a teus olhos, se tens a luz por dentro de ti.

E, além disso, a qualquer momento, a verdadeira vida pode trazer-te a Grande Mudança.

Nosso problema será sempre construir na própria alma a perfeição que reclamamos nos outros.

Não nos esqueçamos de que o Evangelho vem preparar no mundo o reino do bem que Jesus anunciou e o próprio Jesus foi suficientemente claro, asseverando que o Reino de Deus está dentro de nós.

Livro: Neste Instante - Psicografia Chico Xavier

DOCE BILHETE





DOCE  BILHETE

Meus queridos pais:

Por mais me esforce, não consigo arrancar do lápis a nota de minha alegria em lhes comunicando o reconhecimento e o jubilo que me vão dentro d’alma.
Creio, hoje, que as mais belas expressões da natureza, no mundo, são silenciosas e mudas, porque a palavra talvez lhes desfigure a beleza.
O sol, a fonte, a árvore e a flor não falam. Irradiam a luz, a harmonia, a beleza e o perfume por mensagens intraduzíveis da sua gratidão ao Senhor.
È assim nossa alma, quando a morte nos despoja do corpo denso, revelando-nos as realidades sublimes que nos cercam.
Por esse motivo, não posso falar-lhes do regozijo com que desejaria expressar-me.
A emoção eleva-se, majestosa, do meu coração até o cérebro; mas, quando tento arremessá-la através da escrita humana, desaponta-me a pobreza dos recursos de manifestação intima ao nosso dispor na Terra.
Mamãe, não ignoramos a sua renunciação por nós todos no mundo. Seu devotamento tem sido o manancial cristalino de água pura a banhar-nos a plantação de fé e entendimento. Todos nós nos sentimos imantados à sua ternura que representa, para nós, suave alimento. Nos dias escuros, o seu carinho foi nossa claridade invariável e, nas horas claras da esperança, o seu amor foi sempre o nosso estimulo. Continue sem descanso em sua sementeira de caridade.
Hoje sabemos, com mais segurança e precisão, quanto vale a sua confiança em Deus a beneficio de nosso grupo familiar. E pedimos à sua dedicação jamais confiar-se à incerteza  ou a dor, ao desalento ou à indecisão.
Além dos nossos, a sua e a nossa família espiritual crescem constantemente, em busca de nosso concurso fraterno e, desse modo, desejamos sabê-la forte e bem disposta para todas as tarefas que o senhor nos confiou.
Não pense estejamos distantes. Vivemos unidos em espírito, na mesma faixa de serviço e compreensão.
A sua bondade tem sido o instrumento de muitos para muito e, mais que nunca, precisamos de sua coragem e de sua devoção ao bem para o trabalho que nos cabe desenvolver.
Daqui, do mundo novo, a que fui conduzido pelos nossos Maiores, trago-lhes as rosas sem espinhos do nosso afeto, que não morreu.
A morte nos mergulha no sono por algumas horas, para arrebatar-nos, depois, à benção do dia.
Tudo é vida a estender-se sem fim.
Tudo é grandeza divina, a dilatar-se perante os nossos olhos, do grão de areia aos mundos distantes nos confins do Universo.
Não permitamos que a tristeza se avizinhe de nós.
Deus é Sol de amor, que nunca se apaga. E a vida é o coro de alegrias eternas que lhe flui do coração.
Reunindo todos os nossos no mesmo abraço de carinho e de amor, saudade e confiança de todos os dias, sou o filho que lhes pede a benção e que lhes beija as mãos com muita ternura e reconhecimento.


Livro “Relicário de Luz” - Psicografia de Francisco C. Xavier - Autores Diversos